domingo, 20 de outubro de 2013

Correspondente Rio de Janeiro

Para começar a serie CORRESPONDENTE, nada poderia ser melhor... Historias do Rio sendo contadas por uma Paulista de Curitiba....  SHOW

Fabiana Fontana

Correspondente Paulista, vivendo em Curitiba... Falando do Rio de Janeiro 


"Eu escolhi o Rio de Janeiro como local da minha comemoração pelo meu aniversário, queria fazer algo diferente e especial e após conversar um pouco sobre a cidade com uma colega que trabalha na filial da empresa que fica no Rio de Janeiro me decidi e comprei as passagens.
Realizei a compra das passagens em maio, então o preço ficou bem legal, ida e volta não chegaram a R$300,00 pela Gol, fora que está super fácil mudar o horário de embarque no check in, eu mudei tanto meu horário de ida quanto de volta nos dias de embarque.
Tive apenas 2 dias e meio no Rio de Janeiro, a sexta (27/09) que a gerente gentilmente me deu, sábado e domingo, ou seja, poucos dias, portanto tive que escolher os locais que mais me interessavam, ou melhor, o que eu gostaria de conhecer primeiro, pois muita coisa no Rio de Janeiro me interessa e desejo voltar para conhecer.
Eu fiquei hospedada no Cafofo Hostel:  por R$ 50,00 a diária. O atendimento é bom, pessoas simpáticas mas ele é bem simples, muito mesmo. Eu sei que geralmente hostels são simples mas esse era mais simples que os hostels que conheci em Floripa e pelo site esperava algo mais.O Cafofo fica em Botafogo, uma boa localização, dali peguei ônibus, metrô e andei de boa pelas ruas. 
Agora vamos á cidade, eu marquei de encontrar uma amiga que saiu do interior de São Paulo pra me encontrar no Hostel, voei de Curitiba, onde moro, pra lá. Quando o avião sobrevoou o Rio De Janeiro antes de pousar em Santos Dumont eu fiquei maravilhada com a beleza da cidade, é realmente impactante. Não é só o mar, é o clima, o jeito dos cariocas despreocupados com a vida levando "numa boa". Como sou do interior e vivo na tal Capital Social a minha maior preocupação era a violência, por tudo que a mídia mostra eu esperava uma cidade tensa, muitos policiais, pessoas altamente suspeitas mas não vi nada disso.
Entrei no táxi e tentei não parecer turista pra não ser passada pra trás por nenhum carioca esperto (mais uma vez um preconceito que diz que todo carioca é malandro), disse pro motorista o endereço do Hostel e ele não sabia que rua era aquela, então respondi: Mas você não é carioca, pô? Eu sou. 
E ele respondeu: Carioca que fala pô é difícil, hein, mano. Tu é paulista.
Apesar de morar em Curitiba eu fui criada no Estado de São Paulo e ainda não perdi, nem quero perder, o meu sotaque paulista, ele me pegou no pulo.
Bom, dai pra frente foi super legal, peguei dicas de lugares com o taxista e ele foi super gente boa. Elogiei a cidade dele e ele disse que não era dele, era nossa.

Lapa
Deixando as malas no hostel já as 18h era hora de apreciar o primeiro local do roteiro: Lapa!
Vários barzinho com muita gente, muita mesmo e pessoas descoladas, outras mais arrumadas, sem grilo e sem preocupação, só curtindo. Fui ao Rioscenarium - uma mistura de bar, boteco, sampa, tango, enfim, um lugar muito legal que recomendo muito. O preço é um pouco salgado, gastei R$90,00 e nem bebo tanto assim, só a entrada era mais ou menos R$30,00 mas a diversão é garantida.

Leblon
Sábado foi dia de praia: Ipanema e Leblon, uma do ladinho da outra e dá pra ir de busão, o transporte público no Rio de Janeiro me pareceu muito bom, atendeu muito bem minhas necessidades. A praia de Ipanema é linda demais, uma beleza diferente, praia limpa mas neste dia a água estava gelada, afinal não estava tão quente assim (pena!).

Ipanema
Almocei no Leblon onde tem a rua  Dias Ferreira, super famosa e com muitas opções. Na sequencia decidimos conhecer o Corcovado, que infelizmente me decepcionou. Apesar do impacto que o Cristo causa (olhar pra ele me fazia sentir abençoada instantaneamente) a visita exige muita paciência. O trem que leva até o Cristo, apesar de sair de 20 em 20 min estava cheio (soube que geralmente é assim) e esperamos por 2h30 pela nossa vez, chegando lá em cima não é possível tirar uma foto decente com o Cristo, pois tem pelo menos umas 50 pessoas de braços abertos com você na foto. Aconselho quem resolver viver essa aventura que escolha um dia quente e vá de manhã, eu cheguei lá as 14h em um dia com ventos que fizeram ser insuportável ficar lá em cima por muito tempo por causa do frio. O preço está no site.

Dica importante: Os taxistas costumam "esquecer" de ligar o taxímetro, vários tentaram fazer isso mas como já tinha lido sobre isso eu usava o jeitinho para lembra-los com um: Aqui não precisa ligar o taxímetro? É bom ficar de olho nisso, uma corrida do Leblon ao Corcovado com o primeiro taxista com quem falamos saia por R$ 30,00 e com o segundo por R$17,00, acho que não preciso de mais argumentos que isso.
Rioscenarium
Sábado a noite jantamos pizza no Carioca da Gema (famoso) que tem a parte de barzinho com música e pizzaria.A pizza era deliciosa, fina e leve mas o atendimento foi bem ruim, não voltaria lá.
Após o jantar ficamos bebendo em uma mesa na calçada e apreciando a diversidade de pessoas e o clima gostoso.

Domingo estava frio e com grande possibilidade de chuva, por isso aproveitamos para conhecer Copacabana que tem aquele ar de novela da Globo. Em Copacabana é bom ficar mais esperto, pois como sempre tem muito turista ali também tem muito furto.

Foram 2 dias e meio e deixei 3 passeios bacanas de fora por falta de tempo: Pão de Açucar (subindo de trem no Corcovado lembrei que tenho medo de atura, portanto acredito que não vou entrar no bondinho de jeito nenhum), ver o pôr do sol no Arpoador (perdi muito tempo no Corcovado e não deu tempo mas está entre minhas prioridades na próxima viagem) e Santa Tereza onde tem a escadaria e ótimos restaurantes.

Segundo um taxista com quem conversei (eles dão muitas dicas valiosas) eu não vi o perigo pois a zona Sul e Zona Norte são tranquilas, mas isso é em qualquer cidades, todo lugar tem aqueles bairros mais perigosos, onde não é aconselhável ir. Ficar falando no celular na rua nem pensar mas isso também não é só lá, se for tirar foto, fique atento, se não der bandeira provavelmente vai voltar intacto. 

Adorei o Rio de Janeiro e o astral que a cidade tem, vi outras coisas além das belezas naturais como pessoas cantando enquanto dirigiam,  de bem com a vida, muita gente fazendo atividades físicas ao ar livre, todos vivendo muito a cidade.

Tem uma crônica que vale a pena ler e diz muito sobre o Rio de Janeiro, posso dizer que é tudo isso mesmo: "Se você não gosta do Rio de Janeiro, fique longe dele. É a única maneira de manter sua opinião." 

Abraços, mermão."

E então eu parei o carro, puxei o freio de mão e pensei: “Cheguei em casa”.
Faz 1 ano. Desembarquei com esposa, cachorro e umas malas. A mudança veio no dia seguinte.  Levei 33 anos imaginando “como seria”, e agora tenho 1 pra contar “como foi”.
O Rio de Janeiro é a minha Paris. Eu não sonho com a tal de torre, nem me importo com o Louvre e nem acho do cacete tomar café naquela tal de Champs-Élysées. Eu acho charmoso ir a praia de Copacabana, tomar cerveja de chinelo no leblon e ir a um samba numa grande escola.
Sou paulista, nunca tive rivalidade bairrista em casa. Nunca me ensinaram a odiar o estado vizinho, ao contrário, sempre me foi dada a idéia de que estando no Brasil, estou em casa.
Ouvi mil mentiras e outras mil verdades sobre o Rio enquanto morei em São Paulo. Todas justas no final das contas.
Carioca exagera tudo, pra baixo e pra cima. Se elogiar a praia, ele exalta dizendo que é “a melhor praia do mundo”. Se falar que é perigoso, ele não nega. Diz que é “perigoso pra caralho”.
Trata sua cidade como filho. Só ele pode falar mal.
Cariocas não marcam encontro. Simplesmente se encontram.
A confirmação de um convite aqui não quer dizer nada. Você sugere “Vamos?”, eles dizem “Vamo!”. O que não implica em ter aceitado a sugestão.
Hora marcada no Rio é “por volta de”. Domingo é domingo. E relaxa, irmão. Pra que a pressa?
Em 5 minutos são amigos de infância, no segundo encontro te abraçam e já te colocam apelidos.
Não te levam pra casa. Te convidam pra rua. É curioso. Mas é que a “rua” aqui é tão linda que se trancar em casa é desperdício.
Cariocas andam de chinelo e não se julgam por isso.  São livres, desprovidos de qualquer senso de sofisticação.
Ao contrário, parecem se sentir mal num ambiente formal e de algum requinte.
“Porra” é um termo que abre toda e qualquer frase na cidade. Ainda vou a uma Igreja conferir, mas desconfio que até missa comece com “Porra, Pai nosso que estais…”.
Cariocas são pouco competitivos. Eu acho isso maravilhoso, afinal, venho da terra mais competitiva do país. E confesso: competir o tempo todo cansa.
Acho graça quando eles defendem o clube rival pelo mero orgulho de dizer que “o futebol do Rio” vai bem. Eles nem notam, mas as vezes se protegem.
Eles amam essa porra. É impressionante.
Carioca é o povo mais brasileiro que há, mas que é tão orgulhoso do que é que nem parece brasileiro.
Tem um sorriso gostoso, um ar arrogante de quem “se garante”.
Papudos, malandros, invocados. Faaaaalam pra cacete. E sabem que estão exagerando.
Eles acham que sabem  o que é frio. Imagine, fazem fondue com 20 graus!
A Barra é longe. Buzios, logo ali!
Niterói é um pedaço do Rio que eles não contam pra turista. Só eles aproveitam.
Nilópolis é longe. Bangu também.
Madureira é um bairro gostoso. O Leblon, vale os 22 mil por metro quadrado sugeridos pelos corretores.
Aliás, corretores no Rio são bem irritantes.
Carioca, num geral, acha que está te fazendo um favor mesmo se estiver trabalhando. É tudo absolutamente pessoal, informal.
Se ele gostar de você, te atende bem. Se não, não.
Tá com pressa? Vai se irritar. Eles não tem pressa pra nada.
Sabe aquela garota gostosa que sabe que é gostosa? Cariocas sabem onde moram.
O bairrismo deles é único.  Nem separatista, nem coitadinho. Apenas orgulhoso.  Ao invés de odiar um estado vizinho, o sacaneiam e se matam de rir de quem se ofende.
Cariocas tem vocação pra ser feliz.
São tradicionais, não gostam que o mundo evolua. Um novo prédio no lugar daquele casarão antigo não é visto como progresso, mas sim com saudades.
São folgados. Juram ser o povo mais sortudo do mundo.
E quem vai dizer que não?
No Rio você vira até mais religioso.  Aquele Cristo te olha  todo santo dia, de braços abertos. Não dá! Você começa a gostar do cara…
E aí vem a sexta-feira e o dom de mudar o ambiente sem mexer em nada.  O Rio que trabalha vira uma cidade de férias. As roupas somem, aparecem os sorrisos a toa, o sol, o futebol, o samba, o Rio.
Já ouvi um cara me dizer um dia que o “Rio é uma mentira bem contada pela mídia”.  Ele era paulista, odiava o Rio, jamais tinha vindo até aqui.
E é um cara esperto. Se você não gosta do Rio de Janeiro, fique longe dele.
É a única maneira de manter sua opinião.
Em quase toda grande cidade que vou noto uma força extrema para fazer o turista se sentir em casa. Um italiano em São Paulo está na Itália dependendo de onde for. Um japones, idem. Um argentino vai a restaurantes e ambientes argentinos em qualquer grande cidade.
No Rio de Janeiro ninguém te dá o que você já tem.  Aqui, ou você vira “carioca”, ou vai perder muito tempo procurando um pedaço da sua terra por aqui.
Não é verdade que são preconceituosos. É preciso entender que o carioca não se diz carioca por nascer aqui. Carioca é um perfil.
Renato, o gaúcho, é um dos caras mais cariocas do mundo.
Tem todo um ritual, um jeitinho de se aproximar.
Chame o garçom pelo nome, os colegas de “irmão”. Sorria, abrace quando encontrar. Aceite o convite, mesmo que você não vá.
Faça planos para amanhã, esqueça-os 10 minutos depois. Faça amigos, o máximo de amigos que conseguir.
Quanto mais amigos, mais cerveja, mais risadas, mais churrascos, mais carioca você fica.
E quanto mais carioca você é, mais você ama o Rio. Como eles.
Gosto deles. Gosto de olhar pra frente e não ver onde acaba.  Gosto de sol, de abraço, de rir muito alto e de não me achar um merda por estar sem grana.
Gosto de como eles se viram. Gosto da simplicidade e da informalidade que os aproxima do amadorismo.
A vida não tem que ser profissional.
Tem que ser gostosa.
E de gostosa, convenhamos, o Rio tá cheio.
Ops! Desculpa, amor! Escapou.
abs, merrrrmão!


(O Shopping não me pagou nada. Nem sei onde fica. A propaganda é que diz muito do que quero dizer e não sei como)

2 comentários:

  1. Fabiana é carioca! O taxista está errado! Carioca é quem adota o jeito de viver do Rio, alma leve e coração aberto!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. MM, Acho que o que se quer dizer é que Carioca é uma maneira de ser antes de mais nada....isso é o que vale... Valeu

      Excluir